sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

COMO SE PREPARAM BONS MARINHEIROS

-->Os jovens de marinha recebem uma parte da sua instrução a bordo de navios à vela. Aí, aprenderão eles a enfrentar mais corajosamente as ondas, fortalecendo a sua resistência física e moral na luta com os elementos. A gravura, de inconfundível beleza, sublinhada pelo maravilhoso cenário do mar do canal do Faial/Pico, reproduz um navio escola, armado em barca de três mastros da Armada Germânica, o HORST WESSEL, onde grande número de marinheiros do “Reich” recebia uma boa parte da sua instrução.
-->
HORST WESSEL – Tipo Barca/ 89,5m/1.755t/boca 12m/calado 5,20m/pontal 7,30m/ máquina MAN DIESEL 750 PS – 10 nós/ área de vela 1.976m2/ Guarnição 78 tripulantes + 220 cadetes e sargentos/ Base naval: Kiel; 17/09/1936 entregue pelo estaleiro Blohm & Voss, Hamburgo à “Kriegsmarine”. Nos três anos anteriores à Segunda Guerra Mundial empreendeu vários cruzeiros de treino em águas Europeias, e também visitou portos caribenhos. Em 1941 para actuar no esforço de guerra foi convertido em navio de transporte naval, conduzindo através do mar Báltico, militares e provisões, alternando com missões de treino. Consta que com o seu reduzido armamento de defesa conseguiu abater três aeronaves, das quais, por engano, uma da Luftwaffe.
No final da guerra em 1945, foi confiscado como presa de guerra, pelas forças armadas dos EUA e foi enviado para os estaleiros da Marinha, em Wilhelmshaven para fabricos. Em 22/12/1945 seguiu para a Base Naval dos EUA em Kaiserhafen. A 15/05/1946, após o sorteio dos navios Alemães pelos Aliados, este coube aos EUA, tendo passado para responsabilidade da US COAST GUARD, recebendo o nome de USCGC EAGLE. A 30/05/1946 o navio largou de Bremerhaven, rumo aos EUA. A bordo seguiram 61 homens da US COAST GUARD com o primeiro comandante Americano, o Captain Gordon McGowan. Nesta primeira viagem, com bandeira dos Estados Unidos, para que a nova guarnição pudesse receber o navio de quem melhor conhecia, embarcou também o último comandante Alemão, Kapitanleutnant Barthold Schnibbe, para além de outros 48 elementos, entre oficiais, sargentos e praças, da ultima guarnição do HORST WESSEL, que durante a viagem suportu um enorme furacão. No dia 11 de Junho o navio fundeou no Funchal, para reabastecimento, e ai permaneceu até ao dia 14. Depois de chegar a New London, no estado de Connecticut, foi sujeito a um período de fabricos durante cinco meses em que foram efectuadas muitas reparações e adaptações. Em 1948 o EAGLE fez a sua primeira viagem de instrução, com os cadetes da US COAST GUARD.
Gravura publicada num número do jornal O COMÉRCIO DO PORTO de 1937.
2010 - continua ao serviço da US COAST GUARD, tendo visitado vários portos mundiais, dentre os quais Lisboa, Leixões, Funchal, Horta e Ponta Delgada.
Gémeos com pequenas diferenças: TOVARISCH, ex GORCH FOCK (1 e 3); SAGRES (3), ex GUANABARA, ex ALBERT LEO SCHLAGTER; MIRCEA; HERBERT NORKUS; GORCH FOCK (2).
Fontes: Jornal O COMÉRCIO DO PORTO, Revista da Armada, Miramar Ship índex, Jan Maat Page.
Rui Amaro

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

PRESTANTE REBOCADOR DE ALTO-MAR PORTUGUÊS

PRAIA GRANDE

A noticia veio de África em 1967. Chegou ao porto de Moçâmedes o rebocador de alto-mar PRAIA GRANDE, da Sociedade Geral, para ali prestar serviço. Pode parecer uma banalidade… pois o seu destino e aplicação é esse mesmo.

Mas algo robustece a ocorrente “missão de serviço”. Aquela pequena embarcação que foi construída nos estaleiros do estuário do Tejo, reúne nas suas modestas 512 toneladas e 48 metros de comprimento, características utilitárias de grande monta, como demonstrado foi na sua utilização para importantes atribuições marítimas, desde os reboques melindrosos aos socorros pressurosos, solicitados em várias emergências, no decorrer de dez anos, que tantos são, mais meses ou menos meses, os do seu utilitário serviço.

Curioso assinalar que antes de chegar ao porto Sul Angolano, o PRAIA GRANDE deu uma volta ao Mundo, via canal do Panamá, navegando 32.472 milhas em 233 dias. Durante o percurso efectuou três grandes derrotas: duas de trinta e cinco dias; uma de trinta e seis. O rebocador saiu do porto de Lisboa para a sua grande viagem com destino a Orange, no Texas; dali rumou à ilha Formosa, Taiwan, rebocando dois “destroyers”. Partiu depois para Hong Kong; e deste porto iniciou a sua viagem para Angola.


O PRAIA GRANDE demandando o porto de Leixões em 14/06/1965, vindo dos Açores, conduzindo material flutuante para obras naquele porto /(c) Rui Amaro /.

Durante ela foi obrigado a mudar de rumo para efectuar um salvamento: o do navio Grego ELEIN, que ao Norte da ilha Tristão da Cunha, no Atlântico Sul, a duzentas milhas do Cabo da Boa Esperança perdera o hélice. Então o ELEIN foi rebocado pelo PRAIA GRANDE para Capetown. Passou em Luanda, a caminho da Metrópole, com escala por Las Palmas.

Deixaremos, aqui em Lisboa, de ver por algum tempo, no Tejo (onde foi construído) o PRAIA GRANDE. Conservar-se-á em Moçâmedes ao serviço da Companhia Mineira do Lobito, que o fretou para o tráfego de acolhimento na zona do cais de exportação de minério de ferro. O mais recente serviço que prestou foi por em movimento um dos grandes navios da frota mercante mundial: o WAHABATA MARU, da marinha mercante japonesa que tem 93,113 toneladas de deslocamento.

Tudo isto aconteceu em 1967.

PRAIA GRANDE – 48,4m/511,9tb/ Potência 1.360 cavalos/ Vel. Max. 12,6 nós/ Vel. Cruz. 11 nós; 03/1953 entregue pelo estaleiro da CUF, Rocha, Lisboa; 1970 PHOENIX, J.L. & A. Goulandris, Greece; 2008 PHOENIX, Neorian New Spyros Shipyard, Spyros, Greece, bandeira do Bangladesh; Gémeo PRAIA DA ADRAGA.

http://www.shipspotting.com/search.php?query=foinix&action=results

Fontes: Jornal do Comércio – 29.09.1967, Miramar Ship Index, Sea Agent.

Foto: armador.

Rui Amaro

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O NAVIO-MOTOR BACALHOEIRO “SAM TIAGO” DEIXA A BARRA DO LIMA

O SAM TIAGO na doca Comercial /(c) Diário do Norte /.


A saída do novo navio da pesca do bacalhau à linha SAM TIAGO a 17.04.1955, posto a flutuar nas cerimónias da flutuação do navio de apoio à frota bacalhoeira GIL EANNES em 11.03.1955, fez atrair à doca comercial centenas de pessoas que admiraram a nova unidade pesqueira, impecavelmente pintada de branco, como manda a tradição da “Portuguese White Fleet”, oferecendo um soberbo aspecto.
No mastro da ré já flutuava a bandeira representativa da SNAB – Sociedade Nacional dos Armadores de Bacalhau, Lisboa, empresa a quem se destina. A saída, prevista para as 10h00, só se verificou perto das 12h00, mesmo assim, esse atraso não diminuiu o interesse dos numerosos curiosos que ali se mantiveram para ver a largada de mais um bacalhoeiro construído nos abalizados estaleiros de Viana do Castelo.


O SAM TIAGO saindo da doca Comercial /(c) Joranl de Noticias /.

À partida compareceram as autoridades portuárias e administradores daqueles estaleiros que apresentaram cumprimentos de despedida ao capitão da nova unidade, o cmte José Teiga Gonçalves Leite.
Foi pois com sentida emoção que o SAM TIAGO começou a deslizar suavemente pelo canal de acesso à doca, impulsionado pela sua máquina de 950 BHP. Fora da barra, já depois de desembarcado o respectivo prático, com a máquina em pleno rendimento, a moderna unidade tomou rumo ao porto de Lisboa, onde se foi aparelhar para iniciar a sua primeira campanha de pesca dos mares gelados do Noroeste do Atlântico, dentro de dias.

O GIL EAANNES, á esquerda, e o SAM TIAGO, à direita, nas doscas dos estaleiros Vianenses /(c) imagem de autor desconhecido /.


O SANTIAGO já transformado em arrastão sia do porto de Leixões de rumo ao Douro em 29/06/1967 / Rui Amaro /.


SAM TIAGO – imo 5308524/ 67,2m/ 1.184tb/ 17.000 quintais/ 26 tripulantes/ 74 pescadores/ 10nós; 04/1955 entregue pelos ENVC – Estaleiros Navais de Viana do Castelo, Viana do Castelo, à SNAB – Sociedade Nacional dos Armadores de Bacalhau, Lisboa; 1962 SAM TIAGO, convertido num arrastão classico lateral;1970 Parceria Marítima Esperança, Aveiro; 2008 SAM TIAGO, American Shipbuilding, Lorain, EUA.
Subsequente história não encontrada.
Navio gémeo e do mesmo armador: NOSSA SENHORA DA VITÓRIA
Fonte: Imprensa diária
Rui Amaro